O estado de alienação que mantém as pessoas distantes da experiência real somado à incapacidade linguística de expressar o que os sentidos captam têm sido mais cruel e desgraçado que mil STFs.

Quando conseguem reconhecer que a experiência real está distante do que é dito pela artificial elite que domina o país, são incapazes de dizer o que ocorreu sem cair em chavões e clichês, graças ao analfabetismo funcional e vice versa. A existência das duas coisas é tão frequente quanto um tigre dente-de-sabre.

Em geral, ou as pessoas enxergam o erro e são incapazes de predicá-lo, ou possuem alguma tecnicidade linguística e a usam para anestesiar a si e aos demais com a seringa do encarceramento imaginário. É dificílimo encontrar quem saiba se expressar entre os que percebem que algo está errado. O motivo é óbvio: a língua é a articulação material da fala, do pensamento, e sem a prática dos gigante que nos precederam, todo falante e escritor passa a querer inventar a roda. É o atleta que se recusa a aprender com os campeões do passado, ou o artesão que insiste em não querer saber o que já fizeram naquela arte antes dele.

É habitual encontrar alguém que se achava habilitado a fazer um juízo de Heidegger sem ter o mínimo conhecimento dos autores que o antecedem. Isso é o mesmo que analisar um jogo do Real Madrid sem saber quem era Pelé. A imbecilidade aí é tão gritante que seria impossível alertar uma pessoa assim sem chamá-la de louca. Ocorre que muitos bem intencionados são assim: são pessoas boas, mas com os vícios de seus pares.

Olavo sempre ensinava que se aprende mais sobre matemática estudando a história da matemática do que debruçando-se sobre a ciência da matemática em si. Isso é o único remédio para evitar ser um refém de fraudes intelectuais. Fraudes essas que passaram a ser o único modo de pensar nas universidades de hoje em dia, quiçá dos últimos séculos.